melancolia
Ainda não acredito no que meus olhos viram.
Mais uma vez me deparo com o espelho e vejo
que perdi o que tinha de mais valioso.
Perdi a esperança e a juventude.
Corro desesperadamente em busca do tempo perdido.
É inútil!
Estou velho, decrépito.
A vida passou e eu a perdi.
Doce vida não vivida.
Vida amargurada, vida descabida de vida.
A minha lentidão e prudência
me fez um morto vivo.
Um defunto que não acredita em nada.
Um cadáver sem expectativas de ressurreição.
Está frio, este orvalho que caí sobre o
papel são lágrimas lúgubres.
São lágrimas de arrependimento.
O tempo passou e eu não percebi
que os amores se foram,
que as paixões acabaram e que tudo morreu.
Só eu permaneço vivo apesar de morto.
Esse silêncio que me apavora
e o gelo que me corroí
significam apenas que estou só.
E que meu grito não será ouvido.
Minhas súplicas não serão atendidas.
Tudo acabou sem ao menos começar.
Na alcova em que me encontro está escuro.
Na penumbra dos pensamentos – lamentações.
Tudo está perdido!
E no labirinto das desilusões
sofro com o abismo que nos separam.
A vida, a morte como diferenciá-las?
Como saber a qual estágio pertenço?
Como me convencer de que estou vivo?
A cidade dorme e a sombra de sua imagem me persegue.
O dia passou e a luz do sol
não iluminou minha vida.
À tarde chegou e, com ela a chuva
que não lavou minha alma impura.
Privei-me dos raios do Sol,
me protegi dos pingos da chuva.
Agora lamento por não me
sujar na lama, por não me resfriar
com a chuva nem me aquecer
com o calor do sol.
Tudo se foi e, nessa viagem
e não farei parte de sua bagagem.
Essa bagagem que chamamos de vida.
WEDSON FERNANDES 28/07/2013