O espelho sem brilho

Meu eu rude martelando pedras,

O sensível fragmentando a alma;

Que se parte como o frágil vidro,

Mas, acaba agindo como se ladra,

Troca champagne pela fútil sidra,

Faz renascer a cabeça da Hydra,

Requisita o corpo e tem, na palma...

Detendo o cérebro as mãos freia,

Sem sua máquina o carro entorta;

Desenha a alma na areia da praia,

Suas cicatrizes em forma de estria,

Não logra colocar o olhar no trilho,

Pois, sabe que vem de fora o brilho,

e reflete no espelho que ele porta...

Fora, por ora, está um tanto opaco,

um baço para-brisas na tempestade;

coerente como discurso de boteco,

distante como a terra do meteco;

essa frieza que enchendo o saco,

ludibria a impotência de um fraco,

não sei se por sadismo ou maldade...

Sei que o tempo ainda vira esse jogo,

ou minha esperança será rebaixada;

mas enquanto ainda resta um trago,

bebo sabendo que mui caro eu pago,

por sonhar ainda encaixar meu lego,

se já existe outra peça encaixada...