CONSTATAÇÃO
CONSTATAÇÃO
Após a despedida, a nostalgia se estabeleceu.
Se sobrevivo, é pela força que a natureza me impõe
Os sonhos tornaram-se uma obsessão
Para tornar nulo o sonho maior.
A noite que escolheste para o caos
Foi o marco da derrota sobre a vitória.
O que conseguiu cair ao chão apodreceu rapidamente
O que se agarrou a mim
Tornou-se disforme.
Ainda digo:
- Deus! Como eu te amo!
Pois conseguiste guardar no meu coração
O ultimo folego, um suspiro latente
Para que eu tenha sobrevida
De guardar lembranças cinzentas.
Foi a noite mal acabada.
Sem madrugada, sem neblina,
Sem a esperança do dia seguinte.
No máximo um trovão sem raio
Como o eco que o adeus produziu.
Dizem que o abismo tem fim.
Não, não tem.
Pois eu ainda continuo caindo.
Seguro em meus braços
O peso que me causaste.
Igual a um monte de nada,
Olho tristonho os restos de um sonho
E te digo; é horrível, é nojento
Ver tudo aquilo agonizando.
Como não olhar no espelho
E não ver o sangue nas pupilas.
Os cabelos desgrenhados, sujos.
Lembra-me um ninho de pássaros.
Da boca saem grunhidos
Da qual um dia proclamei, declamei versos
Que me fizeram o poeta do amor.
Constatei, constatado.
Você partiu, mas deixou malas de;
Angustia, solidão, de vazio concreto que pesa.
É uma pena.
Tinha tudo para ser um sonho,
Mas tornou-se um pesadelo.
Di Camargo, 12/11/2013