Ecos
Os ecos dos risos ainda reverberam
Mas a solidão retorna
Nunca sentir verdadeiramente, nunca pertencer
Num piscar de olhos, minha maldição retorna
E a consciência dela perfura minha carne sem piedade
De que importam as alegrias de outrora
Se o preço é um corpo destruído
E um coração partido?
De que importa qualquer coisa
Se, no fundo, quando coloco as mãos nos bolsos
Percebo que não tenho nada?
Os ecos das presenças ainda me atormentam
Palavras amigas, gargalhadas conjuntas
Como se a maldição pudesse ser quebrada
Ilusão! Você acredita nos sonhos infantis que abraça, efêmeros
E esquece que, quando acordar
Eles serão pesadelos bem adultos
De que importa construir qualquer coisa
Quando não se é nada?
De que importam os abraços e beijos
Se sua doçura destrói ainda mais meu interior negro?
Os ecos do passado ainda fingem me consolar
Memórias de uma garota de madeixas douradas
Que podia ser qualquer coisa que quisesse
Traição! A ingênua garota escorregou para o lado negro
E gostou tanto da escuridão
Que não conseguiu mais voltar
De que adiantam as mentiras convincentes
Genitoras de amizades ilusórias
Se ninguém irá me amar quando souber quem sou?
De que adiantam as máscaras
Se por baixo de todas elas
Existe o mesmo rosto quebrado e terrível aos olhos?
E de que adianta essa esperança
Que me faz dar outro e outro passo para a frente?
Não faz mesmo muita diferença morrer aqui
Ou esperar para alcançar a beira do precipício
Se o fim é tão óbvio
Eu derrotei os piores monstros
E perdi para mim mesma
Eu libertei as mais negras magias
E o ricochete me atingiu com toda a força
Eu morro, solitária, morro
E meu abraço frio consumirá a terra
E fará adormecerem todos os ecos