Flertes
O cursor pulsa na página branca,
Como a perguntar: O que faço?
Caracteres me olham sérios
esperando meu primeiro passo;
O corpo acusa o peso do trabalho,
Alma egoísta ignora o cansaço;
Instiga a virar cartas desse baralho,
Como se fosse dona de todo espaço.
Exumando meus sonhos mortos,
Busca qualquer alento para a vida;
Ancorada em meus idos portos,
Pra ver se sangra de novo a ferida;
Insinua retos, os caminhos tortos,
Mas não convence, a convencida;
Neurônios da prudência absortos,
Não deixam comprar empresa falida...
Ceticismo e esperança cruzam armas,
Para ver qual conquista meus olhos;
Só ignoro a essa dúbia lambança,
E daí, se não dá figos em abrolhos;
Diz que quem semeia um dia alcança
A colheita farta em muitos molhos;
Que a sina escolha a música e a dança,
Mas, poupe de novos “flertes” caolhos...