Orfeu
À memória de Eurídice
O vento mudo carrega o som da lira triste,
Tocada por um homem entregue a solidão.
Orfeu chora a morte de sua adorada Eurídice,
Arrebatada de seus braços pela mão da escuridão.
Jovem e bela, Eurídice é levada dessa vida
Enquanto fugia dos encantos de Aristeu.
Ferida por uma terrível e venenosa víbora
Deixou inconsolado o seu amado Orfeu.
Quanta dor e desgraça se veem no filho de Apolo
Consumido noite e dia pela soledade.
Orfeu com sua lira ao colo
Canta sua agonia, entoa sua saudade!
Possuído de tristeza Orfeu vai ao mundo da Morte,
Para retomar a vida de Eurídice,
Caronte concorda em leva-lo pelo rio Estige
Enquanto ele dedilha a lira e abandona a sorte.
No mundo inferior ele passa por multidões de fantasmas
E apresentando-se diante das eternidades
Canta uma canção e chora a perda da amada
Comovendo Perséfone e o deus Hades.
Os espectros derramam lágrimas ouvindo a canção de Orfeu
Sísifo deixa de rolar a pedra e senta-se no seu penhasco
O abutre para de devorar o fígado de Prometeu
E as Fúrias se emocionam com esse amor tão trágico.
Eurídice é chamada dentre os mortos e devolvida a Orfeu
Com a condição de não olha-la até que alcançassem a saída
Mas a saudade de ver o rosto da amada o venceu
E uma vez mais Eurídice foi perdida.
Pobre Orfeu! Quanto te custou toda essa dor?
Valeu apena ter descido ao reino da morte?
- Custou-me uma vida, um amor.
Valeu apena, pois o amor é maior do que a morte!