Você foi...

Você foi... não ouvi de ti nada que pudesse me dar esperança. Nem uma lágrima de dor ou um olhar por um segundo hesitante.

Você foi... não abraçou-me firme como quem vai esperar um retorno, não beijou-me apaixonado, ou quem sabe, meio incerto, se o fim era mesmo o que querias.

Você foi... não vi-lhe voltar o rosto enquanto se afastava, ou abaixar a cabeça como que por um instante em dúvida.

Você foi... passos firmes, um pouco de dó do farrapo humano que deixava para trás. Certo de ter feito a coisa certa, ter deixado o coração em paz.

Você foi... confiante do melhor passo, como um foguete lançado ao céu cuja missão é não voltar.

Você foi... como um pássaro que batendo as asas finalmente descobre o céu, seu lugar.

Você foi... como um raio de sol que chega à terra e cortando a escuridão vê-se cheio de valor, não percebendo que os amantes não anciavam o amanhecer.

Você foi... como um forasteiro a deixar outra cidade, não levando dela nem lembranças, por que nela nada lhe importou.

Você foi... como um navio se desprendendo do cais e alcançando o mar azul, tão cheio de novas chances, novos horizontes.

Você foi... como palavra quando proferida e flexa quando lançada: não volta mais.

Você foi... mas meu coração permanece em tuas mãos.