Extasiada

Não sabia se olhava para o azul do mar.

Ou para o azul do céu.

Eram tons tão bonitos

E apaixonantes...

E nos formatos das nuvens

Imaginava cavalos, carruagens,

fadas, magos e tanta magia

feita de algodão doce ou etéreo

Ao chegar ao chão.

Posto que flutuava em vida

No oceano profundo da imaginação...

A âncora caiu ao chão

e quebrou-se.

Não poderia mais me lançar novamente.

Lançar-me ao infinito,

ao desconhecido...

Aos umbrais de mistério e suspense.

Estava atrelada ali.

Na terra com peso e gravidade.

Com a forma de um corpo

que nem escolhi.

Com o ritmo de vida que não

entoei...

Então as palavras e as poesias

Antes apenas registradas no papel.

Ganhavam aos poucos o som.

Dos fonemas.

Das vozes.

Dos gritos.

E de cantoria...

Um coral absurdo e caótico.

Que transbordava significados...

semânticas doentes...

gemidos tocantes

E sentimentos comoventes.

De tanta gente.

E de cada canto sem geometria.

Então o espaço e o tempo

Se condensaram indecentemente.

Um gesto de sua mão

Surpreendeu meu lirismo

Acanhado e embutido.

E a lágrima finalmente aportou

bem no canto da boca

Como se quisesse afagar

a palavra

não dita.

Maldita.

A última palavra

de um diálogo de silêncios

que jamais existiu.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/11/2013
Código do texto: T4552583
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