Ceticoração
O poema da esperança que não veio
Meio claudicante até pede um espaço;
meu “instrumento” confesso está cheio,
De tanto receber joio em vez de centeio,
se quer desfilar, que faça sem meu braço...
O poema da esperança que não veio,
Quer dourar a pílula em fogo brando;
A mim pouco importa se chegou o recreio,
Ou preciso copiar um caderno bem cheio,
Quer saber? Estou mesmo me lixando...
O poema da esperança que não veio,
Quer me iludir com brinquedos da praça;
Quando criança até cairia nesse enleio,
Mas agora doído e com os cornos cheios,
Que importa se de whiske ou cachaça?
O poema da esperança que não veio
Me deve um mea culpa e ainda espero;
Só não venha sugerir outro igual devaneio,
Desta vez averiguarei todo o seu recheio,
se for mais do mesmo, esqueça; não quero...