ÂMAGO

Ela era toda marginal

E nunca quisera ser núcleo

(Também não tinha

Conhecimentos interiores).

Sempre fora margem,

Sempre fora flanco,

Sempre fora lateral,

Sempre fora crosta,

Sempre fora aresta.

Portanto, nada sabia além

De ser beirada.

Um dia, olhou de lado,

Pontuou pensamentos centrais

E sonhou ser miolo.

Quis ser centro, ser eixo,

Ser alvo de atenções.

No exato instante

Em que se vislumbrou mosca,

Dardejaram-lhe a alma

E passou a viver

Pesadelos marginais.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 28/10/2013
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