Em destruição...

Na minha cama soltérica,

no meio do quarto, sozinho.

O som vem do rádio-relógio

e indica a direção que devo tomar.

Mas a casa nua não tem a mesma cor de antes,

o quarto vazio não tem a beleza de antes.

Seus olhos já não têm o mesmo tom

e os meus se fecham - buscam tua imagem

nas paredes enegrecidas e

nos retratos tomados de poeira e mofo.

Busco tuas marcas nos colchões sem lençóis

e nas vidraças embaçadas,

agora por fungos e sujeira.

Minha sobriedade não tem mais sentido...

esse sentido que tento procurar

nesse vai-e-vem... de boca em boca...

em copos e corpos... de olhar em olhar...

em cada seio quente... de bar em bar...

nos subterfúgios desta vida doentia...