Poemácido
Dez horas da noite
As janelas dos edifícios estão iluminadas.
Alguém está sendo traído
Alguém está sendo treinado
Alguém está desenhando,
alguém sendo desenhado
Alguém está roubando,
alguém sendo amordaçado
Alguém reza e pede por fé,
Alguém apara as unhas do pé
Alguém começa a fazer café
pra alguém que acabou de chegar
Alguém não consegue dormir
Alguém vai dormir para sempre
Alguém delira doente
Por alguém que não sabe amar
Alguém conta uma mentira
Alguém ouve impaciente
Alguém arranca um dente
Que doía sem parar
Alguém torce pro dia nascer
Alguém torce pro mundo acabar
Mas definitivamente, não há nada
Que alguém possa fazer
Além de esperar
ou morrer,
ou matar.