MERGULHO
O comprimento da minha ilusão é curto,
Não alcança o topo enevoado do mundo;
Eu sou do tamanho que posso ter
Sem rebentar como as ondas do oceano;
A paz me equilibra, então escolho viver
Nas águas tranquilas do ribeirão,
E com um assomo de recato cruzo
A charpa de bruma da mundana ilusão;
No encontro das águas do passado
Com as águas do presente, tenho visto
A vocação da vida para o inusitado,
E o seu talento para o imprevisto;
Da altura do meu próprio tamanho,
Mergulho na vida com coragem,
E não me afundo,
Porque estou no mundo de passagem,
E não me banho
Nas águas revoltas do engano!