SUICIDA DE UMA VIDA CLANDESTINA
Viajo clandestino no trem de uma vida incerta
Quase sempre acomodado no vagão das obscenidades
Guiado pelos trilhos da escuridão, que flerta!
Pa(i)rando nas estações transitórias das leviandades;
Andei por caminhos e estradas enevoadas
Rastejando por vielas da dor e da amargura
Reneguei veemente às óstias consagradas
Em demasia, degustei o vinho da desventura;
Seguindo na vereda áspera dos impropérios
Sobrevivo em êxtase nas lágrimas dos ímpios
Violento a minh'alma com orgias e adultérios
Vagueando em "ecstasy" à beira dos precipícios;
Por que me agarro na obscuridade das ironias?
Alimentando a ilusão com efêmeras fantasias
Sigo sofrendo nas penumbras de um abismo
Subjugado nas ingloriosas tramas do destino;
Quisera eu poder perecer no regaço!!!
Não mais atormentado por palavras amargas
Nem sucumbindo às inverossimilhanças vis
E bem longe do influxo da indiferença...
Funesto engano! Oh! maldita indiferença...
No teu ensurdecedor silêncio,
Eu morro aos poucos...
Carcomido lentamente...
Infausto presságio...
Pressinto-me agonizando,
Mas a pior sentença de morte
São meus versos definhando
Ainda sim prossigo...rojando-me...
Entre os vagões desgovernados
Chego fatigante à locomotiva,
Sem maquinista há tempos!!!
E, tropeçando nas próprias pernas,
Ermo, lanço-me aos trilhos!!!
Sob esse trem que me conduziu
Pelas incertezas da vida...
Eis a minha morte!!!
Eis o meu regaço!!!
Já não sinto mais dor...
Vanglorioso clamor!!!!
Saio de uma vida,
Que nunca me pertenceu,
Vida (e morte) clandestina...
Eu... Ateu... Adeus...
EPÍLOGO: Até breve amigos...