Fantasma

Da afetada insegurança

Vaguei pelas imundas ruas.

A desbotada, pouca esperança

Perdi aos poucos, louca...

Maltratada criança

Fui e assim me escondi, nua.

Com medo, sem teto,

Sem um teco, nem um dedo

De consciência.

Retardada

Na recatada

Indecência

De um nada

Que não o é.

De um sim

Que é não

Pra não ser tão

Estranho e sem fé,

Anormal,

Marginal,

Terminal...

Da turva mente

Olhei pela vidraça,

Vi o amor que ameaça,

Vi também a dor

Em sua mórbida graça,

O dormente ardor

Indigente, que não disfarça

A farsa do ser humano,

De fingir que é sano.

Sinto o calor gelado

De um amor odiado,

Engulo o riso mascarado

Que chora e ri

E que rindo me revolta

Pois no peito massacrado

Ele me sufoca,

Despreza, corta...

Eu vi você fechar as portas,

Meus pulsos cortar.

Não importa... eu já era

Seus verdes nem viram,

nem sentiram a minha espera.

No meu túmulo selado

Nem as flores murchando

Perceberam o recado

Que enviei murmurando

Com os lábios fechados:

Eu não quis

Ser tão atriz

Eu quis

Apenas ser feliz.