Ao final, quem sou
Queria ter palavras que falassem
o que as minhas letras tortas não me dizem;
e fazer delas as minhas pastagens,
percorrer o sentido da vida sem vertigem.
Vasculharia meus olhos nos limbos empoeirados;
sem chorar, neste meu monturo de ilusões.
Seria pra achar algum significado
no que ontem foram sonhos e agora, borrões.
Mas disseram que a regra não é essa.
Que é preciso crer que cada dia tem seu mal,
que o oculto é divino e que o viver não tem pressa
que é tolice manter tal sina, fazer da dor o mote fanal.
Então, manter-me assim é o que me resta,
reler pra sempre a linha da minha rima cabal.
Me esquecer que dor é esta
de não saber quem sou ao final.