MIRAGENS

Não restou muito,

apenas um pedaço,

que marcou o início

da nossa curta trajetória.

Tudo começou com um beijo,

com um beijo de despedida

na estação do trem.

Sua partida,

de tão indesejada,

partiu meu coração,

fiquei com a alma quebrantada.

Ao retornar da viagem,

você me recebeu com um beijo

e um abraço bem apertado,

naquele exato momento

nosso destino estava traçado.

Hoje acordei com o sol

esquentando o meu corpo,

como o seu corpo

aquecia o meu.

Éramos como a noite e o dia,

dois opostos que se completam,

como as asas de um pássaro,

que empresta à vida a sua magia.

Éramos a nossa base segura

quando nos faltava o chão,

e ao longo da escada

éramos o corrimão,

mas tudo foi levado pelo tempo

e se perdeu no espaço,

hoje tenho apenas eu.

Nosso amor era mais que um sonho,

era um delírio,

era mais que o céu,

era o infinito,

parecia que nunca teria fim,

de tão forte que era o laço

que unia nossos passos

e nos fazia caminhar lado a lado.

Com o passar dos anos,

esse laço afrouxou,

e de tanto querer,

e confiar desconfiando,

e de tanto ciúme,

e medo de perder,

esse laço se desfez.

Fazíamos planos para o futuro,

casa própria, filhos, viagens...

não sabia eu, imaturo,

que não passavam de miragens.

Você se deitava do lado da janela,

eu me deitava do lado da porta,

que tinha nossos nomes gravados nela.

Nosso lar era um ninho

de zelo, ternura, carinho...

uma ponte que construímos

para um futuro de paz,

mas não tardou a desmoronar

e os pedaços ficaram para trás,

perdidos nas cinzas da nossa história.

De tudo que vivemos,

que amamos,

que tivemos

na nossa curta trajetória,

restou apenas um pedaço,

que permanece, restaurado e guardado,

numa sepultura da minha memória!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 29/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
Código do texto: T4410394
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