Se eu morresse amanhã
Levaria para decomposição uma vida estéril.
Levaria uma frustração:
Frustração de pintor sem telas.
Sairia da guerra sem conhecer a luta.
Não derrotado.
Não acovardado.
Porém,
ceifado.
Não pintaria crianças, homens e mulheres.
Não pintaria terra sem ódio, sem fome, sem racismo
e corrupção que me degradam.
Meu fantasma vagaria
Branco como minhas telas.
Meus ossos revolveriam a terra num canto de angústia,
por não ter encontrado um sentido ainda em terra para a vida.
Por não ter pintado a paz.