INQUISIÇÃO
Onde esse amor
de quem tantos falam,
a quem tantos cantam,
a quem tantos exaltam
e dizem existir?
Onde esse sentimento sublime,
sentimento nobre
e suprema emoção?
Onde essa bem-aventurança
que não consigo alcançar
por mais que tente,
por mais que procure?
Onde esse oásis,
essa fonte de águas frescas?
pois sendo um caminhante
que tem atravessado desertos
preciso saciar a minha sede voraz...
Onde essa canção suave,
esse canto (mágico) de sereias
que muda destinos,
corações
e homens?
Onde esse manjar celeste
que sacia a todos (jovens e idosos)
que o provem?
Onde esse elixir prodígio
que sana os enfermos,
fortifica os fracos,
faz belo o feio,
faz sábio o tolo
e faz moço o ancião
devolvendo-lhe o viço?
Onde essa divindade
que traz consigo o perdão,
que traz consigo o sofrimento,
que traz consigo a renúncia,
que traz consigo o desprendimento,
que traz consigo a igualdade,
que traz consigo o sorriso,
que traz consigo o prazer,
que traz consigo o sonho,
que traz consigo a paz?
Enfim, onde realmente anda
isso a quem chamam de amor
que pelo menos seja
mais que um verbete no dicionário,
mais que um substantivo abstrato,
mais que os sonhos dos poetas
e mais que as mentiras comuns
sussurradas ou escritas...
Onde o amor?
Onde?...