Embriaguez
Nada me sangra tanto
quanto as memórias...
As perdidas, esperando
eternamente para ser
o que nunca foram,
o que jamais serão.
Nada me sufoca tanto
quanto os planos...
Os enterrados, esquecidos
em um lugar abandonado,
que só existem em mim.
E nem deveriam existir...
Nada me cega tanto
quanto as visões...
As exclusivas, excluídas
porque não puderam,
porque não quiseram,
porque se perderam.
E é disso que fujo.
Pra longe do que finge.
Do que insinua querer
mas de fato não pretende.
Quero dores reais!
Mais que amores ideais!
Quero lágrimas ácidas!
Mais que risos diplomáticos!
Quero sentir a carne!
Mais ainda, sentir vida!
Prefiro uma pedra bruta
a falsos diamantes.
Ou me rasga com verdade,
com a fúria dos amantes,
ou foge pra longe!
E me deixa uma dose
pra eu esquecer de vez
de tudo que jamais será
e de seu persistente, mas
inexistente mundo fantástico.