Embriaguez

Nada me sangra tanto

quanto as memórias...

As perdidas, esperando

eternamente para ser

o que nunca foram,

o que jamais serão.

Nada me sufoca tanto

quanto os planos...

Os enterrados, esquecidos

em um lugar abandonado,

que só existem em mim.

E nem deveriam existir...

Nada me cega tanto

quanto as visões...

As exclusivas, excluídas

porque não puderam,

porque não quiseram,

porque se perderam.

E é disso que fujo.

Pra longe do que finge.

Do que insinua querer

mas de fato não pretende.

Quero dores reais!

Mais que amores ideais!

Quero lágrimas ácidas!

Mais que risos diplomáticos!

Quero sentir a carne!

Mais ainda, sentir vida!

Prefiro uma pedra bruta

a falsos diamantes.

Ou me rasga com verdade,

com a fúria dos amantes,

ou foge pra longe!

E me deixa uma dose

pra eu esquecer de vez

de tudo que jamais será

e de seu persistente, mas

inexistente mundo fantástico.

Elen Rodrigues
Enviado por Elen Rodrigues em 01/07/2013
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T4366148
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.