Vênus em Câncer

Me ame como eu tanto quero:

Inconsequente, mas com muito esmero

De que adianta o afeto que espero,

se nessa vida já não sei amar?

Carregue minhas dores

minhas falhas, ex-amores

Seja tudo que preciso for

pois esqueci o que é o amor

Quero, da memória dela, liberdade

viver de novo a malfadada intensidade

Sorrir pra dor no vazio dessa cidade

na eloquência do silêncio de um poema

Suspiro no vácuo do meu quarto escuro:

O raciocínio já não tem apuro

Na loucura estática do meu pudor

eu penso: nessa vida não vou mais sorrir!

Me ame, senão desespero!

Inconsequente, tal como Nero

De que adianta a razão do clero

se nessa vida já não sei amar?

Traga-me o abraço que não conheci

e as lágrimas de solidão que engoli

A saudade que não sei sentir

e as rimas que me faltam agora...

Mostre-me os versos de felicidade!

Que ainda há ingenuidade

e, no vazio que restou de você,

não toque

não lembre

não olhe

não chore...

Pois saber que você me falta

é a verdade que o poeta exalta

A luz, que dos meus olhos salta

Pois nessa vida já não sei amar

Senão você...

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 25/06/2013
Código do texto: T4357138
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.