Da série: Outonos
Sem notar, o tempo passou, o mundo mudou e o que era eterno acabou...
O que era inconcebível aconteceu, tudo que era infinito se perdeu
Sem notar, o incerto se concretizou, o inigualável falhou
E ninguém percebeu...
Os olhos estavam fechados, fixos, cegos
Enquanto, lá fora, um eclipse cobria o céu com a escuridão
A prepotência indistinta, imutável dos egos
Enquanto, lá fora, outro corpo em desespero erguia a mão
O vento, supostamente só pelas vielas, levanta folhas caídas do outono passado
O vulto negro que caminha com a mão nos bolsos leva consigo as memórias
Seu rosto frio parece abrir cortes profundos, expondo seu interior gelado
Em seu assovio, canções antigas, símbolo de velhas histórias
Debaixo de seu casaco frio, cartas que nunca entregara
Palavras sinceras nunca ditas, confessando verdades de tudo que nunca falou
No peito, levou por aquela viela, um coração ferido, uma escara
E, sem notar, o tempo passou, o mundo mudou e o que era eterno acabou...
Naquela viela, seus passos ecoaram pelo infinito que lhe abandonou
E ninguém percebeu...