Da série: Outonos

Sem notar, o tempo passou, o mundo mudou e o que era eterno acabou...

O que era inconcebível aconteceu, tudo que era infinito se perdeu

Sem notar, o incerto se concretizou, o inigualável falhou

E ninguém percebeu...

Os olhos estavam fechados, fixos, cegos

Enquanto, lá fora, um eclipse cobria o céu com a escuridão

A prepotência indistinta, imutável dos egos

Enquanto, lá fora, outro corpo em desespero erguia a mão

O vento, supostamente só pelas vielas, levanta folhas caídas do outono passado

O vulto negro que caminha com a mão nos bolsos leva consigo as memórias

Seu rosto frio parece abrir cortes profundos, expondo seu interior gelado

Em seu assovio, canções antigas, símbolo de velhas histórias

Debaixo de seu casaco frio, cartas que nunca entregara

Palavras sinceras nunca ditas, confessando verdades de tudo que nunca falou

No peito, levou por aquela viela, um coração ferido, uma escara

E, sem notar, o tempo passou, o mundo mudou e o que era eterno acabou...

Naquela viela, seus passos ecoaram pelo infinito que lhe abandonou

E ninguém percebeu...

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 19/06/2013
Código do texto: T4349604
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.