Azul

Você está dispersa no meu mundo

Pichadas nas paredes que enfrento

Por trás das minhas próprias grades

Onde ninguém tem acesso além de ti

Sinto o mundo alienando-se de mim

Quando sua voz me sussura nos sonhos

E acordo abraçado aos lençóis de novo

Tudo ainda tem seu cheiro e seus olhos...azuis

Vandalizo minha arte em teu nome

E engano corações inocentes pra esquecer

Dos abraços e palavras que derreteram no tempo

De cada verbo morto nos eternos segundos

Recobertas de lágrimas, azuis, suas cartas

Tantas palavras de perdão depois, és tu

Que me dá forças, ainda que me leve o sangue

E a vida não faz sentido sem pensar em ti

Fico estático no tempo, imaginando onde estás

A vida corre por meu corpo como o vento

Transformando tudo em areia, esquecimento

Será que pensas em mim e sentes meu abraço ao longe?

Ao fechar os olhos, é você que está ali

Na alvorada, é teu sorriso que me desperta

As cinzas dos cigarros tem seu nome

O fundo dos copos, todos, o gosto da tua boca

Sempre quando surges em sonho

És iluminada pelo Sol, sereno

Quando te toco, o nirvana existe

E a saudade, penas das asas cortadas

Lembro de quando te chamei de minha

E seu sorriso na foto ainda responde

"Serei para todo o sempre sua menina"

Por onde anda tua eternidade agora?

Com as mãos estendidas ao vazio do meu quarto

Assisto a desconstrução da esperança

Os corpos colados, suados, faziam o sentido

Que só existe no sorriso de ninguém

Seu lugar está guardado

Mas não vais retornar

E nas palavras escassas

Morre também minha poesia

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 19/06/2013
Código do texto: T4349600
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