Azul
Você está dispersa no meu mundo
Pichadas nas paredes que enfrento
Por trás das minhas próprias grades
Onde ninguém tem acesso além de ti
Sinto o mundo alienando-se de mim
Quando sua voz me sussura nos sonhos
E acordo abraçado aos lençóis de novo
Tudo ainda tem seu cheiro e seus olhos...azuis
Vandalizo minha arte em teu nome
E engano corações inocentes pra esquecer
Dos abraços e palavras que derreteram no tempo
De cada verbo morto nos eternos segundos
Recobertas de lágrimas, azuis, suas cartas
Tantas palavras de perdão depois, és tu
Que me dá forças, ainda que me leve o sangue
E a vida não faz sentido sem pensar em ti
Fico estático no tempo, imaginando onde estás
A vida corre por meu corpo como o vento
Transformando tudo em areia, esquecimento
Será que pensas em mim e sentes meu abraço ao longe?
Ao fechar os olhos, é você que está ali
Na alvorada, é teu sorriso que me desperta
As cinzas dos cigarros tem seu nome
O fundo dos copos, todos, o gosto da tua boca
Sempre quando surges em sonho
És iluminada pelo Sol, sereno
Quando te toco, o nirvana existe
E a saudade, penas das asas cortadas
Lembro de quando te chamei de minha
E seu sorriso na foto ainda responde
"Serei para todo o sempre sua menina"
Por onde anda tua eternidade agora?
Com as mãos estendidas ao vazio do meu quarto
Assisto a desconstrução da esperança
Os corpos colados, suados, faziam o sentido
Que só existe no sorriso de ninguém
Seu lugar está guardado
Mas não vais retornar
E nas palavras escassas
Morre também minha poesia