DIÁSPORA
Eu sou um e sou todos
Na busca de minhas multifaces.
O zodíaco me interpreta pela manhã
E me interpela nas tardes sazonais,
baldeando calhaus e pedras
Na bateia das noites monocromáticas.
Sou todos e sou mais um
Voejando no úmido hálito da madrugada,
Perdido nas entrefolhas amarelecidas do outono.
Sou afável amido
Engrossando a massa desiludida,
Fundida, engessada
Aos limites do prato que me apeteceram.
Meu displicente uniforme de civilidade,
amarrotado nos descaminhos rotos,
Se vê salpicado de ais e idílios mofos
E, aos poucos, bem aos poucos,
Vai se encontrando pelas dobras
E costuras de minhas perdidas utopias.