Expatriado...

Ontem foi meu dia de anos,

Mas foi hoje que saí de casa...

Fiquei triste e não entendi qual motivo,

Já ouvira coisas tais em Gaza,

Não creio ter direitos onde vivo...

Tenho uma dúvida sobre meu pai...

Deixou-me ir, mas acredito-o chorar

Talvez por saber que hoje eu caminho

Com doze anos sem poder voltar

E queria saber por que estou sozinho...

Hoje outro dia e ontem não dormi...

Ando agora acompanhado, mas só...

Ouço que chove nos olhos do mundo,

Tudo que carrego só não importa o pó...

Sinto um peso com o qual me afundo...

Nesta noite sei porque minha fuga...

Então não estou mais só e sem alguém...

Milhares comigo num destino fútil,

A dor nos une num dia de glória sem,

Desafiando o ser humano à ser útil...

Não lhes importamos ser filhos de Deus,

Sentenciam-nos impiamente que morramos,

Pois que nosso sangue é extinto

Por não aproveitar-lhes o que somamos...

Tento acreditar que na verdade minto...

Hoje aprendi como é ser morto...

O sangue escreveu-me a palavra etnia...

Olho as pessoas e não creio existir

Tal diferença que me sentencia

À essa forma violenta de destruir...

A Justiça nos encontrará breve...

Homens terríveis se criam com a morte...

Como este que matou-me com covardia...

Ele se encontrará só e não mais forte

E sentirá como eu o gosto amargo da agonia...

Obs: Poema escrito em 06/04/1.999, no início do êxodo de Kosovo imposto por tropas Sérvias aos albaneses...