UM POETA BÊBADO
Quando tomo uma dose,
Fico tão sensível...
Fogem-me de mim as emoções,
Como se, de uma caixa-d'água, o ladrão
Jorrasse o que lhe sobra...
Talvez a minha mente esteja cheia,
E querendo entornar toda besteira,
Se vende na cachaça que me cobram...
Talvez o mundo seja uma cachaça
Em que, nos entregamos na desgraça
Querendo o nosso fim...
Ou, talvez, seja mesmo uma doce entrega,
Onde a gente encontra, na bodega,
O consolo pra uma vida tão ruim.