À Deriva
Vivo à deriva nesse mar de certezas.
Navego o barco da duvida que não tem leme e suas velas são impulsionadas por ventos incertos e inconstantes.
Enquanto todos têm sempre algo a dizer sobre tudo, eu perdido em meu silencio, não sei o que dizer sobre nada e quando balbucio alguma palavra, sai algo entre a obscuridade e a imprecisão.
Impressiona-me o fato de todos terem um rumo traçado: sabem exatamente como e onde querem chegar. Enquanto eu nem sei por que navego.
Quando são questionados ou ofendidos, todo mundo tem a réplica na ponta da língua. Nestas mesmas situações sou acometido por um surto de gagueira que me trava a garganta.
Enquanto todos crêem veementemente num deus todo poderoso, eu duvido de sua existência, a despeito dos sinais que Ele envia: enriqueceu fulano, curou beltrano ou deu a vitoria ao time do sicrano.
O mundo está certo de que o dinheiro resolverá todos os seus problemas.
Eu, infeliz, duvido e me pergunto se não seria o contrario.
Navegando nesse mar de certezas espero algum dia encontrar uma ilha de paz e sobriedade, que me preencha o espírito de modo que não reste espaço para as duvidas nem para as certezas.