FANTASIA
Minha vida é uma mentira
Uma colcha costurada
em retalhos enganosos
Engano a mim mesmo
escondendo-me atrás de máscaras
vestido em personagens inverossímeis
Faço da ficção a minha realidade
Vou vivendo sem amor,
dividindo a cama com quem me ama
pior castigo não deve existir
Sou pessoa rasa
mergulhada em constante amargura
A tristeza parece, desde sempre,
tecer desilusão com suas teias venenosas
dentro de minhas veias ocas e frias
Penosamente, bate um coração
tal qual um animal enjaulado
no fundo escuro de uma caverna
O cheiro putrido de mortandade
representa minha eterna desilusão
As noites são mais frias
longos períodos de escuridão
abortando o dia que vai nascer
No silêncio de um nada absoluto
sobra-me tempo para refletir
muito mais do que um vil espelho é capaz
Sinto-me deslocado
no meio da multidão
qualquer olhar
consegue me despir dos meus trapos
e assim tento continuar,
um farrapo humano.