Sem você
A manhã vem de mansinho rasgando a noite,
serena, pura, com raios preguiçosos, toques
suaves a me despertar, roubando-te de meus
braços, de repente tudo ficou enorme, tudo
muito espaçoso, a solidão e eu, minha
companheira na ausência de ti...
Onde foste meu bem que me deixaste aqui
porque trocaste de lugar com a solidão
quero partir ir embora, como fazer se levo-te
aonde quer que eu vá...
Queria me despedir da terra e do mar,
mais ainda estou aqui com a brisa do final
da tarde esbatendo-se em meu rosto
Respiro, escuto o vento, nada traz para mim...
Caminho a deriva, olho para o céu, as nuvens
tomam varias formas, procuro, procuro
mas não vejo você, elas se movem....
No chão crianças a cirandar, de bolinhas
a brincar, peão a rodopiar, nas arvores
os pássaros a cantarolar....
vejo a vida, fecho os olhos, o vento canta
as arvores crepitam, suas folhas se agitam
os carros passam, ouço a vida....
Penso em você, procuro você
de repente tudo emudeceu, tudo
ficou vazio, o corpo pesa, as pernas
já não o sustentam mais, os joelhos
beijam o chão, o corpo cai...
Ouço as batidas do coração, o sangue
escorre pelas mãos, a cabeça perde a razão,
a pele um gélido clarão, as pernas adormecem
o coração canta sua última canção....