Noite Interior


Sombra de mim mesmo que obscura se aproxima,
Envolta em véu de hipócrita brancura,
Se insinua e se instala em meus sentidos,
Me impelindo ao mergulho em água escura.

Reflexo de mim que tento ocultar,
Que abre as portas dos meus porões sombrios,
Tento, em vão, fugir a este confronto,
Fechando ao mundo, os meus olhos já vazios.

Noite imensa que assalta os sonhos meus,
Roubando o ardor, deixando o caos e a tortura,
Poço profundo que me afoga com paixão,
Me conduzindo aos pesadelos e à loucura.

Será que, um dia, vencerei os meus temores
E forjar minha própria sorte, saberei?
Será que, um dia, mansos tempos vou viver
E saberei colher, sereno, o que plantei?