DEPOIS DA MORTE, NADA SUBSISTE

Depois da morte transitória, nada subsiste

Tudo passa neste caos imundo

O tempo, uma dor lá no fundo

Cóleras tamanhas nos assiste, o mundo.

 

Das árvores ilusórias, frutos em podridão

A noite, em suas sombras falseadas

Adormeço, sentindo-me um zumbi,

Apodrece-me o coração em vil pilherias,

Onde a procela de todas as misérias

Caía sem cessar daquela escuridão.

 

Quisera eu poder explicar o mistério

Da tua inexpugnável efígie

Que adentra pela porta larga da desesperança,

Carreando aleivosias torpes que me assolam desde antigamente

Transmutando-se em mágoas, labéu e inverossímil vingança.

 

Ah! falsídia peremptória, descomunal

Destrói o olhar angustiante da esperança

General a frente de indômita guerra moral

Com dolorosas lágrimas no campo de batalha, avança.

 

Conquanto, depois da morte transitória,

Nada subsiste neste caos imundo, do mundo.