Arquipélago

Quis acreditar na sua fragilidade que me fortalecia,

posto que sou aquele que cria ser escudo.

Quis acreditar no belo de seus pés valsantes

Como se aguardassem ansiosos por minha guarida.

Quis acreditar que o dia frio tão nosso íntimo

Incidisse sobre o nosso afastamento

E recriasse a luz azul que enfeitaria nosso acerto.

Quis acreditar que a sua greve de nós

Fosse facilmente esquecida ante a inseguridade

De nos estarmos ausentes...

E carentes de tantos plurais

Em que conjugamos outros verbos.

Quis ser a descoberta de novas palavras

De novas gramáticas para nossos diálogos.

Quis fazer desse monólogo apenas breve desabafo

Onde o chão recusasse a semente de "egopalavras",

Mas tudo sem você se dividiu ao meio

(e de dois meios nem sempre se faz o inteiro)

E, claro, deixou de ser dístico,

Deixou de ser istmo por onde a emoção trafega.

Quebrou-se o nosso verso.

Eu me fiz ilha.

Você se fez ilha.

Tão próximos.

Tão perto.

Tão ermos.

Tão sem passarelas.

Tão arquipélago.

Tão paisagem de água e sal.

Tão somente...

Desaconchego

Tão somente...

Sós!

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 04/05/2013
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