O deserto tomou de volta
O deserto tomou de volta
Sinceramente, olhando por outra perspectiva
Tive uma parcela de culpa, excesso de expectativa
Coloquei-lhe num altíssimo e imenso pedestal
A queda foi abissal, letal e irreversivelmente fatal.
Acreditei no duvidoso personagem que criou
Apostei na falsa ingenuidade que mostrou
Sensibilizei-me com a dor que dizia trazer
Com as mágoas e fantasmas que insinuava ter.
Vislumbrei alguém tão único, totalmente diferente
A mais inédita e bela flor ainda em forma de semente
Verdadeira, sensível, intensa, doce e transparente
Um rio de felicidade pleno em sua nascente.
Talvez não quisesse ver o que cada entrelinha mostrava
Aquela incompatibilidade que o silêncio gritava
Uma ou outra peça que simplesmente não encaixava
Incongruências que o vento suavemente sussurrava.
Erramos, cada um de sua diferente maneira
Desfizemos um sentimento lindo em pura besteira
Você plantou mentiras e eu (in)conscientemente reguei
Agora, o oásis desapareceu no deserto, é tudo que sei.
Leonardo Andrade