MAIS MORTA DO QUE VIVA
"Vivo, mas já mais morto do que vivo,
A sofrer, a penar, sem lenitivo"
(Conde de Monsaraz)
Eu ando triste e abatida,
Como a flor na haste, pendida
Pelos açoites do vento…
"Não tenho a luz d'esperança",
"Nem um sopro de bonança"
Gozei por algum momento!
As lembranças me fugiram!
Os meus amigos partiram!
Nunca mais hão de voltar!
Tudo, tudo vai passando…
Aqui, vejo-me chorando!
Espero a morte chegar!
"Querer morrer não é crime!"
Fero fardo que comprime…!
Quero da campa a friez…!
Ó, Morte de meigos braços,
Vem atar-me aos abraços…
Vem! Vem logo d'uma vez!
A minh'alma 'stá cansada!
Vida amarga e sem graça,
Co'estranheza te sinto!
Cansei do mundo cruel,
"De profundo lodo" e fel!
Despeço-me… 'Stou partindo!