DIÁLOGO COM JOSÉ

Manhã de caos,

De incertezas absolutas.

Vejo barcos encalhados na lama...

Nem mesmo a chuva caída há pouco me trouxe algum sabor de infância.

E agora, José?

Há tantos caminhos... E nenhuma luz.

O mundo escureceu ou foram meus olhos?

Sem pássaros, sem fome, sem glórias,

Sem buracos onde me enfiar.

As portas todas trancadas.

Eu mesmo tranquei-as ou sempre estiveram assim?

Na minha carne, fundas cicatrizes...

Mas sou como tu, José:

Tu és duro, eu também!

Toma um pouco do meu fardo,

Pois dividiste o teu comigo.

Neste papel,

Pousam corvos e lágrimas, desertos e pântanos

- Trevas que embaçavam o céu e o meu sol interior,

Quiçá expurgadas.

Algum sereno sobre o caos desta manhã.

Edgley Gonçalves
Enviado por Edgley Gonçalves em 20/04/2013
Código do texto: T4251199
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