DIÁLOGO COM JOSÉ
Manhã de caos,
De incertezas absolutas.
Vejo barcos encalhados na lama...
Nem mesmo a chuva caída há pouco me trouxe algum sabor de infância.
E agora, José?
Há tantos caminhos... E nenhuma luz.
O mundo escureceu ou foram meus olhos?
Sem pássaros, sem fome, sem glórias,
Sem buracos onde me enfiar.
As portas todas trancadas.
Eu mesmo tranquei-as ou sempre estiveram assim?
Na minha carne, fundas cicatrizes...
Mas sou como tu, José:
Tu és duro, eu também!
Toma um pouco do meu fardo,
Pois dividiste o teu comigo.
Neste papel,
Pousam corvos e lágrimas, desertos e pântanos
- Trevas que embaçavam o céu e o meu sol interior,
Quiçá expurgadas.
Algum sereno sobre o caos desta manhã.