O Sabor Dissaboroso

Possível lucarna procurando

neste terrífico error mundano.

Pergunto-me:''será sanha e dano

somente quando estou amando?!''

O rúbico irascível diuturno

olhava-me despudorado.

Pergunto-lhe:''austero e soturno,

és tu o ser glorificado?!''

Engano-me no ato presente:

Sei que o apático assassino,

em torpe e inconsequente hino,

definhar-nos-á eternamente...

No cálido e volátil prado,

emanando estupor e temor,

no pavor, em si, besuntado,

disse-me: ''Saiba ascender o amor''.

Ah, deixaste-me nostálgico

de um ladino e senil amor!

Ah, sinfônico alvor,

findai meu estado letárgico!

Ó maus sonhos ingentes,

sois o óbice primaz

do lábaro de raios luzentes;

Vivo em antro de sandicez más...

Ah, o escuro impertinente me difama

para os seres cavernosos,

dizendo ser minha sina a própria lama!

Não há seres maviosos!!!

Escutai a voz e meu tormento;

Ó caro leitor extremado e diligente,

tendo minha dor em sua frente,

há de entender-me tendo o intento:

''És tu pueril e lorpo ?!''

''Sabes a maior chaga,

mas, desprezando teu corpo,

o mal, mil vezes afaga.''

Ah, fosse eu nascido larva!

Amaria o corpo duma morta,

e, sendo infimamente parva,

em pouco, a morte abriria-me a porta...

Desafinado
Enviado por Desafinado em 25/03/2013
Código do texto: T4207570
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