O Sabor Dissaboroso
Possível lucarna procurando
neste terrífico error mundano.
Pergunto-me:''será sanha e dano
somente quando estou amando?!''
O rúbico irascível diuturno
olhava-me despudorado.
Pergunto-lhe:''austero e soturno,
és tu o ser glorificado?!''
Engano-me no ato presente:
Sei que o apático assassino,
em torpe e inconsequente hino,
definhar-nos-á eternamente...
No cálido e volátil prado,
emanando estupor e temor,
no pavor, em si, besuntado,
disse-me: ''Saiba ascender o amor''.
Ah, deixaste-me nostálgico
de um ladino e senil amor!
Ah, sinfônico alvor,
findai meu estado letárgico!
Ó maus sonhos ingentes,
sois o óbice primaz
do lábaro de raios luzentes;
Vivo em antro de sandicez más...
Ah, o escuro impertinente me difama
para os seres cavernosos,
dizendo ser minha sina a própria lama!
Não há seres maviosos!!!
Escutai a voz e meu tormento;
Ó caro leitor extremado e diligente,
tendo minha dor em sua frente,
há de entender-me tendo o intento:
''És tu pueril e lorpo ?!''
''Sabes a maior chaga,
mas, desprezando teu corpo,
o mal, mil vezes afaga.''
Ah, fosse eu nascido larva!
Amaria o corpo duma morta,
e, sendo infimamente parva,
em pouco, a morte abriria-me a porta...