Números
Guiado por gráficos e números
Preenchia o outro lado da solidão
Mentia para si mesmo
Esquivava-se de sentimentos
Em pormenores antes perdia a razão
No bar encontrava um afago
O tilintar dos copos cheios
E sentimentos vazios
Seu coração era trincado por cicatrizes
Arma-se agora com a letal indiferença
Farto de promessas
Arma-se de sonhos volúveis
Desbravador da vida
Prevê o imprevisível
Possui a fórmula de suas emoções
Contando cada sentido
De sua alma inconstante
Onde indicador nenhum ousará decifrar
E quando o amor quiser chegar
A dor almeja subtrair
E quiçá mergulhará em intenso porvir
Carregando em si o trabalho nos pés
E o coração na cabeça
Buscará do ilógico a resposta
Se sentará no mesmo bar
Com as mesmas pessoas
Tirará da maleta o fardo da lembrança
Suas desilusões em tom de piada
Ao garçom irá contar
Deleitar-se-á em equilibradas doses
De acaso e obviedade
Esquecerá por uns instantes das coisas imutáveis
Encontrará um dia a fórmula exata
De paz e tranquilidade
Dará espaço à incógnitas de realidade
E alegria
Que há muito tempo previa
Em seu coração há de resultar