Loucura d'Alma
Carne pulsante e instintiva,
aos fatos falsos adstrita;
carne estulta e restrita,
fechada em nescidade inventiva:
Coração! atormentado e derradeiro,
no último suspiro perfura-se;
Oh, a frágua excede e perdura-se!,
e da dor torno-me hospedeiro...
Ser ledo e são desconheço
e, o que com o desplácido tempo desvelei,
junto com o meu coração mesto velei...
Ah, pelo que amo... padeço!!!
Enegreceu-se-me o racicíonio
e, ao helmíntico pensamento,
seguirei com lágrimas, urras, tento
e demasiado escrutínio.
Ah, rastejarei convulso, sofrendo
como sôfrego e agônico esquecido
que, lamuriando por ser vencido,
sorve o próprio pranto morrendo!
Ah, divagarei em podredouros e charcas
à busca doutro coração,
pois sei que em obliteradas arcas
encontrarei vida e emoção.
Impensante, terei de meu sangue
o maior lhano ufano,
como se o ser humano
fosse casto e contínuo como mangue.
Ver-me-ei, raquítica substância,
com repúdio, pois inda terei o Ar.
Ah, viverei à apetecível ânsia
de por algo me enforcar!
Quando meu corpo desamparado,
caindo no sórdido oblívio , putrefato,
desmanchar-se em ríspido fato,
ter-me-ei por encerrado.
Assim somente
meu Eu apodrecerá;
Assim somente
meu Ardor morrerá.