IR EMBORA...
Quando amor sucumbe à força da rotina negra;
É assombração escabrosa em uma noite escura.
As palavras não dizem;
Os gestos não convencem;
O carinho não consola,
O caminho é uma encruzilhada ou uma foice que degola.
Os corpos que se encontravam outrora.
Agora choram nas veredas do sertão,
Como num dia à tarde após a labuta; um sertanejo sem um tostão.
Uma face antes amiga se despiu e mostrou a carne nua.
Uma surpresa, um susto como de mulher no meio da rua, e um cão latindo no portão.
Ela se diluiu nas águas barrentas dos tanques quase secos nos campos e pastos de sua lida.
Ah! Como dizer do amor quando este se foi?
A mulher era amiga. Pelo menos parecia.
A mulher era querida; comida desejada ao meio dia.
Tanto na volta como na ida, ele a deixou após um beijo que sempre o convencia.
“Tonarei ao lar, lá ela está!”
Um portão de ferro;
Uma casa acanhada, uma família atormentada.
- Discursões, ciumeiras, explicações sem ações...
Um cão latiu no último dia.
O cão se despedia de seu dono que partia.
“Não tornarei mais lá!”
Para si mesmo falou o moribundo.
Ainda há mundo.
Ainda há sertão, cheio de mulher bonita.
A que ele deixou o azedou o peito; seu estomago tinha azia.
Não tem jeito; o jeito era a criatura de sua tortura.
Mas não tem mais trilha pra voltar; o amor se calou.
Perdeu o calor o fogo que antes ardia.
E agora amigo?
Agora não tem hora;
Ou hoje ou amanhã os olhos se abrirão.
Assim como sol arregala o peito para todos por todo o dia;
E volta a fazer o mesmo na outra aurora.
Só penso uma coisa em ir embora...