IR EMBORA...

Quando amor sucumbe à força da rotina negra;

É assombração escabrosa em uma noite escura.

As palavras não dizem;

Os gestos não convencem;

O carinho não consola,

O caminho é uma encruzilhada ou uma foice que degola.

Os corpos que se encontravam outrora.

Agora choram nas veredas do sertão,

Como num dia à tarde após a labuta; um sertanejo sem um tostão.

Uma face antes amiga se despiu e mostrou a carne nua.

Uma surpresa, um susto como de mulher no meio da rua, e um cão latindo no portão.

Ela se diluiu nas águas barrentas dos tanques quase secos nos campos e pastos de sua lida.

Ah! Como dizer do amor quando este se foi?

A mulher era amiga. Pelo menos parecia.

A mulher era querida; comida desejada ao meio dia.

Tanto na volta como na ida, ele a deixou após um beijo que sempre o convencia.

“Tonarei ao lar, lá ela está!”

Um portão de ferro;

Uma casa acanhada, uma família atormentada.

- Discursões, ciumeiras, explicações sem ações...

Um cão latiu no último dia.

O cão se despedia de seu dono que partia.

“Não tornarei mais lá!”

Para si mesmo falou o moribundo.

Ainda há mundo.

Ainda há sertão, cheio de mulher bonita.

A que ele deixou o azedou o peito; seu estomago tinha azia.

Não tem jeito; o jeito era a criatura de sua tortura.

Mas não tem mais trilha pra voltar; o amor se calou.

Perdeu o calor o fogo que antes ardia.

E agora amigo?

Agora não tem hora;

Ou hoje ou amanhã os olhos se abrirão.

Assim como sol arregala o peito para todos por todo o dia;

E volta a fazer o mesmo na outra aurora.

Só penso uma coisa em ir embora...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 21/03/2013
Código do texto: T4199854
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