Percevejos
Não me vês! Não enxergas minha sombra
Sorris para as manhãs e noites
A mim lança um olhar de afronta
Foges trêmula enquanto me ferem no açoite
Ao meu coração transgride
Quando suspira e finge
Nos afastamos e ficamos distantes
Acaso debruço-me delirante
Esmago as flores com as mãos
Elas perfumam meus dedos
No refúgio, gritos ao invés de canção
Aos teus pés milhares de percevejos
Não falo menos, não invento mais
Pois a tormenta leva minha paz
E cada filete de contentamento
Parte sem gesto, sem acenos.