Renúncia

Não vês?

A dor passou.

É tempo de espreguiçar,

Correr para as colinas,

Abraçar o céu,

Sentir a chuva

Para sorrir,

Para fantasiar...

Beijos e cigarro,

Mordidas e travesseiro babado.

A cigarra canta:

Voa! Voa!

E os sapos tornam-se príncipes,

O mar ganha outra cor,

A pêra outro sabor.

As nuvens namoram o grão

E descobrem que a mesma terra que gira

É Terra fincada ao chão.

Que há debaixo de tanta terra?

Plantação de girassóis!

Monstros intergalácticos!

Sereias de aço!

Sonhos... Muitos sonhos...

Dormindo e bebendo do seio da mãe

Encontrando no berço o lençol que um dia será rio.

Só sei que quero colher o calor da manhã

E dar de presente para os raios solares da tarde.

Nunca é tarde...

Para o frio há a lareira

E a vida deixa de ser peneira

Para eu me entregar a ela mais uma vez.

Mesmo correndo o risco de doer de novo...

Não vês?