Ócio
Este que se retrata
Como um estampido de amor
Prostra-se! Cabelos ao vento!
É um beijo de água fresca onde
Apenas o calar é fogo...
Ah, como redunda meu ego
Nas planícies do alvorecer
E tamanha é a esfinge do medo
Que agora impede de crescer
Peço aquele mormaço de tarde
Descamar-se-á todos os atos
De bravura que pudera arguir
Olhos de lince infiéis
Sucumba a pena aos tonéis
De dissabores antigos que a prole gerou
E o povo enfim abdicou
Ah, a desídia...
Não pelo desleixo
Mas pelo tilintar realejo
Do covil em maresias
Ou do diamante sem cor
Essa preguiça me avantaja ou dilacera?
Será bravura agora de leão manso
Que distingue o sustento a esmo
Tão parco para a provisão racional
Denigre, dispara ou alegra?
Ah, como é doce o sonhar a cantar
O laboro a versar, os alexandrinos sentir
As mágoas então partir
E os desejos insanos translucidar
Todavia o castigo me deseja
E o clã da chama fria, vazia
Me amola mesmices de colóquio
Nem o tempo poderá suportar
Carcaças ao relento
Esqueces-se de pensar
Já que a lida é moribunda
Pás e pedras sem cessar...
Essa vida me maltrata
Ou simplesmente desata
As amarras dos confins
Pois só ouço tamborins
E o “flap-flap” de aves de rapina
Longe do desfecho
E o arruinar das preces...
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IMAGEM: blogdeguerrilha.com.br
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