O pedido - Divisão divina

Rumores invisíveis saem de nossos olhos

Nas águas divididas

Crepita o fogo da paixão

Renascida numa cruz

Cristais chamuscados rodopiam nosso paraíso

Numa roda branca mulheres gritam mais alto que suas almas

Clamando

Chamando

E rodam, e rodam pedindo

No meio do fogo giram se espalhando.

Crises de fome e de medo ressuscitados com fervor

Por doces vozes de mãe

Pelo canto glamoroso e regido por fé

No todo poderoso que, sem saber

Colocou no mundo pés de calamidade

Répteis insaciáveis

Com insensatez, dura sanidade

Calmamente levantando do pó a morte

Não há mais brasa

É o fim, os últimos tempos da chama

Crianças paridas e mal feitas

Crenças mal ditas, um tanto menos feitas

Efeito de clareza, de vontade célebre

O cérebro das divindades unidas

Que vem trazer, resgatando

As antigas rezas formigando no peito

Corpos enfeitando calçadas, ricas, cheias de brilho, cheias de estrelas

Agora, o que fica... Corpos encharcados de vinho e suor

Ambos vermelhos, como o céu, como o chão

Mas de sangue fervendo

Realçando buracos desgastados e bem moldados por enchentes

E nós sempre de pés descalços pela beira-mar

Um pesadelo novo

Repetindo

A calamidade tão cobiçada por seus filhos

Fiéis

Fundadores de abóbodas infinitas

Arrastam os dedos no céu

Pedindo consolo, dizendo Amém!

Agradecendo, em vão, mesmo que nada venha

Nem sangue, nem pão, apenas o coro em choro

É o que resta de um pedido mal feito

Akiw Purple
Enviado por Akiw Purple em 28/02/2013
Código do texto: T4163685
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