Niilismo
Em meio à chuva melancólica
Ando de mãos dadas com o tédio
Nenhuma novidade prende minha atenção por muito tempo
Nenhum pensamento se fixa em minha mente por muito tempo
Nenhuma crença vale minha dedicação por muito tempo
Em minha arrogância pairo acima
De todas as coisas supérfluas e efêmeras
Tão necessárias a uma vida humana de verdade
Em minha arrogância serei afogada
Por enormes ondas de indiferença
Pairo acima de tudo
Isolada como uma presença etérea
Ausente de corpo e significado
Em meio à chuva melancólica
Nada existe senão a voz tão tênue
De minha pseudo-existência
Não importa, não importa, nada importa
Eu poderia salvar o mundo
Se acreditasse que ele pode ser salvo
Eu poderia me dedicar a algo
Se acreditasse que vale a pena
Mas só tenho esse niilismo
Entulhado num lugar onde deveria haver um coração
Quão vazia pode ficar uma alma
Antes de perder-se para sempre?
Que caminhos obscuros pode trilhar
Até que não consiga mais voltar?
Não sei para onde vou
E, sinceramente, não me importo
Por que deveria me importar?
Nada passa de poeira
E nem mesmo nossas tristezas tão profundas
Têm qualquer importância
Eu poderia conquistar o mundo
Mas só tenho esse niilismo
Que não me deixa enxergar nada
Além da chuva melancólica