Jardineira insana
Eis a jardineira demência,
Outro pacote vazio entrega;
Nas áridas terras da carência,
Patenteia bem sua insolvência,
planta esperança e não rega...
Até vive uma noite sob sereno,
o sol denuncia seu feito louco;
coração só, é um fértil terreno,
sua doçura disfarça o veneno,
morrendo mata, pouco a pouco...
Depois de cansado dessa dança,
Restam feridas para lamber;
nem sempre a alma reage mansa,
juro que nem mais teria esperança,
se soubesse como agir pra não ter...
Esse meu anseio é minha peste,
Contra o querer não fui vacinado;
Quiçá uma hora assim agreste,
Viceja uma como planta silvestre,
E a própria chuva assuma o cuidado...