Quando se Vive Muito Tempo
Marcas da vida cobrem meu corpo inteiro.
Meus cabelos, já queimados
Pelo calor de minha caixa craniana.
Minha expressão não demonstra mais
O que sinto no momento,
Mostra o quanto já senti
De cada sentimento.
Não lembro essas coisas...
Até tentar correr...
Até ouvir e tentar fazer parar de correr
O tiquetaquear do antigo relógio da sala!
Às vezes surgem essas esperanças estranhas...
Que dão vontade de gritar!
Mas não posso mais.
O cigarro estragou minhas cordas vocais.
Estragado...
É assim que estou...
E já sou!
Pois não deixarei de estar.
Já não posso confiar nem em mim mesmo!
Nem em meus músculos! Nem em meus ossos!
E nem em minha mente...
Que quer voltar no tempo.
Que me faz escrever poemas como esse.