Vidas não Vividas
Amor é amor seja de qual jeito for,
E por isso destoamos do Livro Tal;
Mas uns ensistem em carregar a dor,
Em dois pesados pedaços de pau.
Você embeveceu sua alma de culpa
E verteu seus desejos em pecado;
Vive de arrependimento e desculpa,
E hipocondricamente tem chorado...
Em vão tem lutado contra si mesmo;
Mas seus passos não seguem seu coração...
E o mundo lhe aponta o dedo assim mesmo,
E se desfaz sob seus pés todo seu chão.
Mas assim você nunca será feliz!
E não fará alguém feliz, por conseguinte,
Pois você jamais será o que um dia quis,
Por mais claras sejam as cores que pinte.
Mas meu breve amor; tão cedo nos vamos;
Não fomos nada, tampouco um dia seremos:
Nem a única vez em que mal nos beijamos!
Nem o único abraço chocho que nos demos!
Tanto eu tentei derrubar todas suas barreiras;
E tanto eu tentei penetrar no seu mundinho;
Mas você se fechava de todas as maneiras,
Alheio a toda manifestação de carinho.
Do que você tem medo que não me diz?
Confie em mim porque estamos do mesmo lado!
Não consegue ver o tanto que é infeliz:
O seu riso tênue; seu olhar marejado?
Você quer enganar o mundo se enganando;
Quer buscar a felicidade se escondendo;
Mas as portas vão, uma a uma, se fechando,
E é somente você quem está perdendo.
E eu apenas posso agora lhe dizer adeus,
Com todo pesar do meu sufocado peito;
E, inda que eu não faça parte dos sonhos seus,
Você estará sempre em mim do mesmo jeito.