Chiquinha em tercetos de desamor


Se se a vida é um pedaço de minh´alma
A tua fez melaço doutrora em mim
E deixou devasso o peito na calma

Entusiasmando chagas no jardim
Na pétal` aguçada de uma vez
Trepidez que chegou ao tempo e no fim

Amedrontou o meu céu sem altivez
E derrubou a nudez das minhas nuvens
Na atmosfera que viu um simples talvez

Na delongada hora que não vens
Não escutas o suspiro dos meus olhos
Chovendo no retiro das paragens

Retomada perdida do meu canto
No inútil cristal sórdido, só meu
Apenas eu clamei o martírio ao santo

Gotas salinas é mar que me é devido
Sinto qu’ estou perdido por amar
Mais um tal universo do verso ido

Eu piso abatid’ em Patamar
Partido no papel da letra em sonho
Alcançando não há de derramar

A desatada gráfica, eu suponho
Ser o afeto discreto que me dói
Conta que não combói,é tanto risonho

Quando vem e pisoteia e não se constrói
Que me desfaz bocado de sorrisos
Treze mantos de mágoas que destrói

A doçura da flor sem uns avisos
Sai e corrói o celeiro em luz inteira
Creio apenas, porém, tem improvisos

Dianteira atraída verde e não é certeira
Está me abrindo o tímpano no avesso
Não o sei onde fica o meu grau na terceira

Empíreo da `inha cor, não sou travesso
Eu vou apenas chorar, cantar o amor
Lambada vinculada em um acesso

Manipula a aflição no meu clamor
Eu rodopio quão o peão na noite ´scura
É dura surra no ar, final `e primor

Tantas carícias sem uma candura
Sem frescura de tanto ainda sofrer
Corusca na facécia doída e cura

Longínquas afeições vai padecer
No chão que lamba o meu, meu coração
Sou um ser que aspira ter para crescer

Ambições cabais vivem a emoção
Desgastada partiu o templo na ideia
É por isso, que chora a aclamação

Rastejando a lição sem a plateia
Das gemas coloridas nas floradas
Destempera o teu adeus na lenta estreia

Desativa as guaridas das moradas
Minguando o folgazão da rapidez
Abraço e beijo é dádiva apeladas

Na última era que vai a impolidez
Alvitre tão lesado faz-me arder
No globo é assimilado, é a cupidez

Soltando labaredas pra `colher
Esperanças que muda a direção
É espinho aqui cravados pra valer

Alegria que massacra é maldição
Motejando do espeto em nostalgia
Do furor em desprezo há oração

Armado de palavras vãs, vicia
O teu forno da boca não sucede
Brama no oceano sem qualquer valia

Advém a ira tenaz irresolúvel
E joga contra o gosto o sortilégio
Caído em demasia desagradável

Lança ao mar o que não foi privilégio
Assusta e nem remédio `em afastando
Isolamento destes nem lei régio

Dar-te-á a solução meiga com mais glória
Se se a vida é um pedaço de minh´alma
A tua se fez inchaço com ironia


Advindo o desamor na própria palma.
A tua fez melaço doutrora em mim
E deixou devasso o peito na calma.



Vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=avEIJOYUMGc



 
ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 18/02/2013
Reeditado em 18/01/2014
Código do texto: T4147091
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