Falta...

Sob a noite, em pé observo da sacada

O céu ser rasgado por raios de uma tempestade...

Distantes, o silêncio cria a sensação de nada...

O mesmo nada que meu coração invade...

Dentro em mim recordo a imagem do teu rosto,

Em meu dorso escorre o sangue exposto

Como se real fosse o punhal ali tatuado...

Meus passos fogem dos meus pés rasgados,

O céu agonizante reflete minha imagem,

Nem ele próprio tem coragem

De crer no que lhe revela o olhar...

Minhas mãos já não seguram minha vida,

Meu coração está farto, mas de cicatriz

E clama sem saber pela hora da partida...

Não consigo evitar isso que meu peito diz,

A razão me mostra que valente tenho que lutar.

Sei que longe está o dia em que devo voltar...

Derramo esta lástima para arrumar espaço

No meu interior carregado de dor,

Um meio de juntar todos os pedaços,

O meio de esquecer a falta do teu amor...