O palhaço

O Palhaço

Guida Linhares

Figura mágica que encanta

a todos com suas estrepulias,

vestido com trajes de folia,

espantando a tristeza do dia.

Hoje tem marmelada sim senhor,

num lúdico brincar a vida gira,

o palhaço adoça o amargor da vida,

representando no palco a alegria.

No entanto, quando as luzes apagam

e em seu camarim, ele retira a pintura,

sua boca apresenta o sulco do amargor,

e seus olhos tristes guardam rancor.

Na saudade da mulher amada que fugiu

com o trapezista que era mais bonito,

chora o palhaço a dor das saudades,

e da amargura de ter sido abandonado.

Santos/SP

12/03/07

Participação nas Cirandas de Letras da querida amiga poeta Anna Muller, sob o tema "O palhaço"

Dueto com a chegada da querida amiga poeta Maria Petronillo, com versão para o italiano.

***

O Poeta Palhaço

Maria Petronilho

Poeta, conto-te um caso

Que conheço bem de perto:

Era uma vez um palhaço

Pobre e roto, caricato,

De narizinho redondo

De um carmesim esfolado.

Entrava em cena quando

Nos bastidores do circo

Se maquilhava um outro

Que usava fato bordado

Riso pintado no rosto

Chapéu como o de Tartufo

Cantava em voz de contralto...

O palhaço de que falo

Voava em cada salto

Como se o levasse um sonho

Não se ria no entanto

E ficava sempre mudo.

Quando se achava no escuro,

Ficava vazio o circo,

Encolhia-se num canto

Abria a voz de seu pranto

E sozinho, libertado,

Tirava um papel do bolso

E, com o dedo lambuzado,

No suor do próprio rosto,

Ia escrevendo, escrevendo

Em poemas, seu calvário

De pobre palhaço risonho,

Enfim assumindo o vulto

Dessoutro sério, tristonho.

Encolhido no seu canto,

Descobria enfim o choro

Do ai profundo, seu Fado

Ser poeta alistado

De peito dilacerado...

Esquecendo então ser mudo

Soava o alto carpido

Estremecido, enfim solto.

Mau grado tendo o pano

Da tenda para abafá-lo,

Soava tão dolorido

Que alarmava todo o povo

Perturbando-lhe o sono.

Mal o amanhecia o dia

Punha-se a varrer a areia

E ao papel que escrevera,

Usando a tinta da cara,

Em confetes o rasgava;

Ia enfim lavar a cara

E de novo, pintalgava

um semblante de alegria.

Tomava assento a plateia

Entrava o palhaço em cena

... No brilho da noite, ria!

***

IL POETA CLOWN

poeta ti racconto un caso

che ben da vicino conosco:

c'era una volta un clown

povero e mal messo che aveva

un nasetto rotondo

color cremisi spellato

entrava in scena quando

nelle quinte del circo

se ne stava truccando un altro

che portava un abito ricamato

la risata dipinta sul volto

cappello alla Tartufo

e cantava con voce da contralto

Il pagliaccio del quale io parlo

ad ogni salto volava

come se un sogno lo portasse

ma non rideva

restava sempre muto

quando si trovava al buio

e restava vuoto il circo

si metteva in un canto

e dava voce al suo pianto

e solo liberato

prendeva un foglio dalla tasca

e con un dito intinto

nel sudore del suo volto

andava scrivendo scrivendo

in poesie il suo calvario

di povero pagliaccio che ride

assumendo infine il volto

dell'altro sé serio e triste

ritirato nel suo canto

riscopriva infine il pianto

del suo io profondo il suo abito

essere poeta catalogato

dal petto dilacerato

scegliendo così di essere muto

risuonava alto il suo lamento

tremante finalmente sciolto

malgrado il sipario calato

e la tenda per soffocarlo

risuonava tanto straziante

che spaventava la gente

turbandone il sonno

male nasceva il giorno

impegnato a spazzare la polvere

e dalla carta sulla quale scriveva

- usando i colori del suo volto -

stracciava coriandoli

per infine lavarsi la faccia

e truccarla a nuovo con sembianze di gioia

prendeva posto la gente in platea

il clown entrava in scena

… nella splendente notte rideva !

(trad. Terenzio Formenti )

in

"Nas Asas do Mar", Corpos Editora - Portugal, 2006

RECANTO DAS LETRAS

www.maria-petronilho.net

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 15/03/2007
Reeditado em 24/03/2007
Código do texto: T413543
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